Machu Picchu - Fotografando uma das sete maravilhas do mundo
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Um mochileiro por todos e todos por um
Quando estávamos saindo de La Paz a caminho de Cusco, conhecemos 4 chicos brasileiros, que entre histórias sobre aventuras e desventuras do mochilão, combinamos de seguir para Machu picchu juntos. A avenida em La Paz estava interditada por manifestações, então tivemos algumas trocas de ônibus, e uma parada bem louca na fronteira (Corre, atravessa, tira xerox, empresta pesos, troca de bus...). E nessa correria, duas argentinas se juntaram a nós, e fomos todos a caminho de cusco.
Em Cusco logo na estação fechamos pacote para machu picchu, nosso grupo já tinha ganhado mais dois brasileiros, e fomos todos os 10 a caminho das ruínas incas. Deixamos os mochilões em um hostel e seguimos com mochilas de ataque para Águas calientes, a van que nos levou era muito louca! O motorista dirigia como se não houvesse amanhã, as curvas eram extremamente fechadas, e ele freava no último segundo; nem preciso dizer que as pessoas (eu inclusive), começaram a passar mal.
A van só nos leva a uma parte do caminho, e temos que fazer uma trilha de 8 km até o centro da cidade, a ida foi bem tranquila. Chegamos na cidade já no início da noite, e após um jantar no hostel, que nosso pacote incluía, nossos problemas começaram. Quem tinha comprado meia entrada a carteirinha não estava valendo, teríamos que acordar as 3h da madrugada para tentar resolver a situação.
O que fizemos então? Fomos tomar uma cerveja, afinal se estressar em uma viagem dessas não pode nem ser cogitado. Uma coisa que aprendi durante o mochilão, é deixar as coisas fluírem, e tudo vai se acertando.
Uma das 7 maravilhas do mundo
Depois de dormir somente 3 horas e ver o sol nascer enquanto resolvíamos os problemas, os ingressos estavam em mãos e só faltava subir uma escadaria de 1900 degraus para chegar a cidade perdida dos Incas. Considerei a subida fácil, já que estou acostumada com trilhas mais difíceis, um cachorro me acompanhou por todo caminho, parando inclusive para descansar junto comigo, e receber logicamente um carinho.
A cidade, quase não tenho como descrever, as ruínas são incríveis, muito bem planejadas, matematicamente acima da minha capacidade de exatas. Foi uma experiência que está na lista do que tenho que viver novamente, dessa vez deixando 3 dias para conhecer melhor cada pedacinho daquele lugar.
Na volta já estava bem cansada da subida e de andar por machu picchu, para descer a escadaria minhas pernas já tremiam, para voltar a Águas Calientes para comer algo, quase não conseguia mais comandar meu corpo. Depois de comer uma quesadilla dos deuses, ganhei um pouco mais de energia para seguir, o que não me impediu de cair no vão de duas pedras na trilha de volta. Senti o sangue escorrer e preferi não olhar, apenas continuar andando, pois tinha 1h para os 8km de volta até a van, e sim, ela sairia se eu me atrasasse e teria que me virar para voltar a cusco.
Mas é claro que não estava sozinha, e o grupo das 8 pessoas mais animadas que poderia encontrar para a viagem estavam lá, esperando. E quando cheguei e olhei para o estrago em minha perna, as chicas vieram cuidar dos machucados, passando remédio e deixando tudo muito bem enfaixado. Esse ficou conhecido como o dia que levei meu corpo ao limite, e o ultrapassei, nunca fiquei tão cansada em toda minha vida, e foi incrível.
Um amor chamado Peru
Meu caso de amor com Cusco, foi ganhando intensidade conforme conhecia a cidade, arquitetura linda, sorvete delicioso e um clima que te faz querer ficar. Me perdi da galera que nos acompanhou durante nos últimos 2 dias, mas no por do sol, quase na hora de ir pegar o ônibus e me despedir de Cusco, nos encontramos na praça por pura coincidência e cantamos parabéns a uma amiga que estava em SP.
Hasta la luego, chicos.
Hasta la luego, Cusco.
Arequipa - Papa, Queso, Queso, Papas.
Antes que conseguir chegar, por fim, ao Chile, tivemos que fazer uma parada estratégica em Arequipa, e minha paixão pelo Peru se completava ali. Assim que chegamos na cidade, conseguimos um hostel que nos indicou o Free Tour que tem pela cidade, e é ótimo! O guia explica coisas muito interessantes sobre a arquitetura e história da cidade, e fez com que me sentisse em casa, conseguindo ao fim do tour andar pelas ruas e até achar a garrafinha que tinha perdido em um restaurante. (Não perco a oportunidade de me perder e perder minhas coisas).
Na noite de despedida do Peru, fomos jantar em um restaurante que conhecemos no Free tour, e que tínhamos desconto. Comemos uma comida tipica, feita de papa e queso (batata e queijo), montada em uma forma fantástica, como uma lasanha das duas coisas que mais amo.
Uma estrada no meio do deserto
Acordei no dia seguinte de uma forma que me deixou com uma dor imensa no coração, todos os videos que gravei desde o início da viagem tinham sido perdidos. Por isso não tenho registro das ruas de La Paz, e tudo o que vivi e gravei no Peru, agora só estão nas fotografias e na memória. Talvez isso tenha sido um reforço para a ideia de que terei que voltar a esse país que estava me despedindo.
Seguimos para Tacna e em sequencia para Arica no Chile, quase nunca tínhamos viajado de manhã, e o que vi me surpreendeu. O caminho era como se estivesse dentro de um filme, um deserto vermelho com montanhas ao fundo que te fazem duvidar do que é real, foi como se estivesse de fato dentro do show de truman.
O Peru me ensinou história, superação física e controle da minha própria mente. Vou tentar sempre me lembrar do que aprendi enquanto corria e colocava meu corpo a prova, além das coisas que aprendi a deixar que se resolvam sem que minha ansiedade me faça enlouquecer.
Gracias Peru.