Bolívia: Um lugar para fotografar e se apaixonar
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Puerto Quijarro a fronteira do calor - A viagem no tempo.
A viagem começou pela Bolívia, da fronteira do Brasil-Corumba com Puerto Quijarro. Primeira impressão ao sair da pátria amada: Calor! A vista de Corumba é plana e linda, e as curvas do pantanal foi a primeira paisagem que me encantou, antes mesmo de descer do avião. Na primeira cidade da Bolívia, parecia facilmente um subúrbio de SP .
Perdemos o trem da morte que nos levaria até Santa Cruz e tivemos que esperar por 5 horas o ônibus sair da cidade; foi uma espera em um banco de madeira, comendo castanha e tomando água. Foi somente a amostra de toda a espera que estava por vim durante a viagem, mas naquele momento ainda não sabia disso.
Nosso ônibus me lembrou o Nôitibus do Harry Potter, com pelúcias penduradas. Neste momento já tinha conversado com Canadenses, Franceses e Brasileiros.
Santa Cruz - De volta aos anos 90 "No fiquem aca chicas!"
Foi o que ouvir ao descer do ônibus, um senhor nos ajudou a achar o lado certo da estação, e onde fazer nosso primeiro cambio da moeda.
Ao analisar a cidade de Santa Cruz, do alto da estação de ônibus, diria que seria Osasco em SP nos anos 90. Essa foi a melhor definição que encontrei para toda a propaganda, arquitetura e vestimenta.
Comecei a conhecer as vestes tipicas das bolivianas, com suas tranças e saias rodadas; as vezes tomando suco em um saco plastico com canudinho, e outras com crianças envolta em tecidos nas costas. Foram mais 7 horas de espera para o próximo ônibus.
La Paz - Quando uma pessoa do mar sobe mais alto
A paisagem foi ficando mais parecida com o que vislumbraria o resto da viagem, montanhas, paredões de pedra e o horizonte infinito. Foi assim até chegar na cidade de La Paz, a onde quando cruzei a primeira placa informativa e comecei a passar muito mal; a famosa altitude tinha feito seu efeito sobre mim.
Desde que sai do Brasil só tinha comido castanhas e tomado água, e ainda assim poucas vezes na vida tinha ficado tão enjoada.
La Paz foi o primeiro lugar em que dormi em uma cama fora do Brasil, o dono do hostel foi bem simpatico, e a diária bem em conta. Com o couchsurfing, conhecemos um cara que apresentou o centro da cidade, e um pub onde pude deixar beijo brasileiro escrito na parede. E essa é uma ótima dica para se conhecer novos lugares em uma viagem: vá com um local.
Carretera de la muerte - Descendo do céu pelas montanhas
Entre Alemães, Americanos e Franceses, fomos com uma van subindo a montanha a caminho da nossa aventura. Ainda bem que neste momento eu e a altitude já estávamos mais amigas, ainda assim tomei um chá de coca para garantir e esquentar, enquanto admirava todo o caminho que estava prestes a descer de bike.
Devidamente equipada, por uma estrada de asfalto começamos a descida; fazia anos que não andava de bicicleta o ditado, para minha sorte, é verdadeiro: "Quem aprende nunca esquece!". A adrenalina foi tomando conta do meu corpo aos poucos, e minhas mão que estavam fixas no guidão apertando levemente freio, foram relaxando aos poucos. De asfalto a estrada de terra, fomos descendo todo o caminho da morte, e foi bem mais tranquilo do que minha imaginação tinha criado de expectativa.
Hasta la vista La Paz
Ultimo dia em La Paz, as passagens para cusco foram compradas; mas a dor no coração de deixar um lugar com tanta coisa ainda por se fazer já começava a fazer parte de mim. Enquanto compro lhamas de efeite e amuletos, vou prometendo mentalmente voltar para aquele lugar, que ainda tem tanto para me apresentar.
Ainda ofegante com a altitude, uma das consequências de estar tão acima de Poseidon, vou bem devagarinho com meus 12 quilos nas costas. E enquanto me recupero do caminho do hostel até a estação de bus, eis que encontro os 4 brasileiros com quem me juntaria para conhecer uma das sete maravilhas do mundo.
Muitos dias se passaram, e dois países foram conhecidos desde que me despedi de La Paz, mas como resolvi fazer os textos de acordo com os países, vamos pular para o 17º dia de mochilão...
Uyni, espelho, espelho meu
Quando novamente estava pisando em terras bolivianas, trouxe comigo uma tempestade, primeiramente de areia e depois de água. Janeiro é temporada de chuva, mas devido fenômenos do aquecimento global, o ar estava muito seco. Estava vindo do Chile onde o deserto já estava na alma, meu nariz clamava por chuva, e ela veio.
Comecei o passeio decepcionada com a paisagem, o sal era meio marrom; e como tinha vindo de paisagens de tirar o folego, ansiava pelo branco deserto. Então, ficava observando os turistas saltitarem de um lado para o outro tirando fotografias.
Até o momento do almoço, continuava meio triste com a paisagem; mesmo tendo passado pelas clássicas bandeiras. Estava esperando uma surpresa daquele lugar, naquela altura do mochilão já estava acostumada com as brincadeiras do destino, e ele não falhou.
Quando chegamos bem mais ao fundo do deserto, o espelho d'agua estava formado! 3 cm de água em cima de uma planície de sal, que fez o céu refletir no chão. Foi lindo de se viver, e imaginar que tudo aquilo um dia foi mar, é assustador e belo ao mesmo tempo.
Quando já estava me preparando para entrar na van e começar o caminho de volta para a cidade; apareceu um homem me perguntando se gostaria de um pedaço de algo que ele tinha nas mãos. Quando me aproximei para olhar, eram cristais, do mesmo tipo que tinha visto em uma feirinha e não tinha comprado pois não tinha dinheiro (Lembre-se, aqui já estava quase ao fim da minha trajetória). E lá estava um desconhecido, me perguntando em espanhol se queria um de seus cristais, aceitei feliz e com um sorriso no rosto ao qual ele retribuiu com tamanha simpatia e foi embora sem olhar para trás e desapareceu no deserto.
Eu senti a energia daquela pedra no momento que toquei, e agora ela esta aqui comigo, me fazendo lembrar das figuras incríveis que cruzam meu caminho.
Gracias Chico!
Gracias Bolívia!
Depois do por do sol, voltamos para a cidade e partimos rumo a Argentina.