Uruguai analógico - Filmes vencidos, experimentais e cinematográficos
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Ao sul de nosso sul, existe um país, Uruguai.
Na pontinha do nosso Brasil, ele está presente com seu horizonte a perder de vista, lindos dias de verão e densos dias de inverno.
Eu conheci o seu verão, e o vivi de forma analógica.
Foram três filmes clicados nessa viagem: Kodak Double X, P&B Experimental e AGFA Color.
Começando pelo Kodak Double X Iso 200, é um analógico Preto e Branco Cinematográfico, que fotografei com uma Yashica MF-1.
Gosto até mesmo da primeira foto do filme, que sempre vem queimada pela metade, iniciando uma viagem de 30 poses, que serão clicadas na calmaria, no tempo que se vive o analógico.
Fotografar em analógico é por duas vezes uma viagem no tempo.
A primeira pelo tempo que ele demanda, é setembro faz frio, e somente agora vejo o que vivi em dias quentes de verão. Um espaço de 8 meses em que os filmes esperaram para serem levados até um laboratório de revelação.
A segunda viagem no tempo, pela estética, aos olhos desatentos aos detalhes de roupas e carros contemporâneos, num primeiro momento a impressão é que esses retratos poderiam ser de algumas décadas atrás.
E é principamente no preto e branco com seus grãos e contraste, que me apaixono pela poesia do analógico.
Montevidéu, Punta del Este, Colonia del Sacramento e Punta Ballena, na beleza de filme cinematográfico.
"Era uma casa muito engraçada
Não tinha teto,
Não tinha nada"
Casapueblo, construída pelo artista uruguaio Carlos Páez Vilaró - Punta Ballena.
Ainda na fotografia preto e branco, um filme diferente.
P&B Experimental iso 50, em sua origem ele é um analógico colorido, que foi rebobinado com DX, o que significa que é um filme cortado de uma grande tira de película fotográfica e recolocado em uma bobina de filme 35mm vazia.
Seu processo de revelação é colorido mas seu resultado já é pensando para ser preto e branco, é um experimental do lab FFV.
Esse filme foi clicado em uma Olympus trip 35.
una calle de silencio
un farol con su luz a rodar
arriba millones de estrelas a brillar
un, dos riscam el negro cielo
una imensidan que va de pronto besar el mar
soy yo
el sonido de las olas
e la noche a cantar
- Pensamentos em espanhol em uma noite de verão, Cabo Polonio, janeiro 2024.
media noche
mientras el sueño me encuentra
flores adorcemen mi cuerpo
yo percebo enamorada
el corazon viajante
y un nuevo lugar para llamar de tuyo
no porque te pertences
si porque lo vives
- Pensamentos em espanhol em uma noite de verão, Cabo Polonio, janeiro 2024.
É um preto e branco com menor contraste e também menor nitidez já que foi clicado em uma camera analógica mais simples, a Olympus Trip 35.
Mas que de certa forma essas caracteristicas casaram perfeitamente com o lugar que me encontrava, Cabo Polonio, uma reserva ambiental parada no tempo, onde a simplicidade faz morada.
As últimas fotos em mar, sendo feitas em Punta del Diablo, na volta para casa.
Chegando ao último filme analógico, temos cor.
Algumas fotos com filme AGFA Color 200, filme alemão vencido em 2006, clicado com iso 25 em uma Olympus trip 35.
Foram poucos lampejos de cor em uma viagem que nasceu para ser P&B.
Os filmes AGFA Color 200 e o Kodak Double, foram clicados simultaneamente, o que nos permite ver a mesma luz no espaço tempo de duas formas diferentes.
No contrastante P&B cinematográfico e no vencido analógico que precisava de um pouquinho mais de luz para brilhar suas cores.
E essa foi mais uma da série: fotógrafa de férias, que para descansar do seu trabalho de fotografia digital, fotografa com analógica. Já que fotografar faz parte do meu modo de ver e viver o mundo.
Até a próxima viagem e filme.